Saúde Mental - O equilíbro entre seguir uma rotina e viver experiências novas

RESUMO

  • Criar rotinas, bons hábitos, hábitos angulares e seguir o loop do hábito é benéfico para o corpo e cérebro. 
  • Ao mesmo tempo, aplicar mudanças contribui com o nosso cérebro na criação de novas conexões, eliminação do estresse e diminuição do risco de depressão.
  • A mudança nos permite experienciar o sentimento de surpresa com mais constância, e quando ela é positiva gera uma série de sentimentos prazerosos no nosso corpo.

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Você prefere criar rotinas para tudo que faz e nunca sai da sua zona de conforto? Ou você é uma pessoa que é contra rotinas e tenta adaptar o seu dia de acordo com as necessidades?

 

Rotina traz conforto e estabilidade. A quebra de rotina nos surpreende com situações novas e estimula o nosso cérebro. 

 

É importante ter certas rotinas ou ter um hobby que adore repetir, mas o fator surpresa tem o seu papel para marcar ocasiões especiais. Gostamos de ser surpreendidos e existe um motivo para isso.

 

Eu não sei se vocês pensam como eu mas minhas melhores lembranças são de dias despretensiosos, seguidos de momentos não planejados. Sei lá, a rotina é divertida, mas não é marcante! 

 

Por isso eu particularmente gosto de eventualmente sair da rotina para ter a sensação de "descobrir o momento” à medida que vou explorando coisas ou ambientes novos.

 

 

Mas veja bem, como foi dito, eu não estou descartando a rotina. Criar uma rotina também é importante, ela ajuda o nosso cérebro a entrar em modo automático, já que ela é formada por um conjunto de hábitos, que são ações frequentes, realizadas de forma regular e repetida, muitas vezes inconscientemente, em um loop constante.


É o chamado loop do hábito, que consiste em três etapas:

  • O gatilho ou a deixa, que informa o momento de entrar no automático junto com o hábito que deve ser usado. 

  • A rotina, que é alguma ação, pensamento ou emoção.

  • A recompensa, processo avaliatório do cérebro sobre este loop em específico.


Essa rotina gera previsibilidade e traz mais segurança e saúde ao nosso cérebro, diminuindo a possibilidade de situações estressantes, mas devemos ter cuidado para que ela não se torne massante e vire um conjunto de vícios (maus hábitos). Por isso, devemos nos permitir momentos de criatividade e mudança.


É importante ter um equilíbrio entre os dois momentos (rotina e mudanças).


Por exemplo, existem rotinas benéficas para os nossos dias que são comuns entre muitas pessoas, como a prática de exercício físico, alimentação equilibrada e uma boa noite de sono.


Há o que chamamos também de hábitos angulares, ou hábitos mestres, que são hábitos que tem a capacidade de causar um efeito dominó em uma série de coisas da nossa vida, mesmo que indiretamente, como é o caso do hábito angular de praticar “exercício físico”. 


Quando começamos a aplicar o exercício físico na nossa rotina, nossa alimentação tende a mudar para acompanhar os gastos energéticos, começamos a dormir melhor ou temos que organizar nossos horários para viabilizar a prática da atividade.


Mas até mesmo esses hábitos comuns podem ser inovados e ligeiramente adaptados de tempos em tempos. Fazemos isso mudando o lugar que nos exercitamos ou o tipo de esporte praticado, conhecendo novos alimentos ou aprendendo a preparar novos pratos, ou até meditando antes de dormir. 


O que não podemos é ficar engessados constantemente em um ciclo imutável e vicioso. Precisamos periodicamente sair da nossa zona de conforto.


O nosso cérebro por exemplo não se adapta bem a uma rotina massante que nunca sofre atualizações. Ele precisa ser estimulado, seja através de novas experiências como o aprendizado de um instrumento musical ou na prática de um novo esporte, como foi dito. Isso faz com que ele crie novas conexões.


E mesmo que haja vantagens em fazer uma atividade repetidamente, já que você ganha experiência e aprimora habilidades específicas, entrando no “automático”, também é comprovado que estimular o cérebro de outras formas pode te gerar ideias, soluções para problemas e inovações, estimulando ainda mais a sua criatividade.   


Por exemplo: viajar é algo extremamente benéfico para a nossa saúde mental. Viajar significa sair da rotina.

 

 

Conhecer um novo lugar, estar em novos ares, alivia a ansiedade e estresse, reduz o risco de depressão, nos faz conhecer novas pessoas e abre a nossa mente.


Somos estimulados o tempo todo (em muitos casos) por um novo idioma e uma nova cultura, que estimula a nossa criatividade.


Há um fator chamado de neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro em mudar. Antigamente acreditava-se que ele estava presente somente em crianças, mas hoje entende-se que adultos também têm essa capacidade. Viajar é uma das atividades que estimulam isso. É basicamente sair da zona de conforto e abraçar o novo.


É aí que eu volto para as surpresas. Quando nos permitimos mudar, experimentar novas sensações ou experiências, somos mais propícios a nos surpreender.

 

 

A surpresa é um sentimento de reação, uma das 27 emoções existentes.


A princípio, quando nos surpreendemos, a nossa reação é de alerta, só depois acessamos o nosso “banco de dados” para decidir se o acontecimento foi positivo ou negativo.


A surpresa pode acontecer em vários níveis, entre “muito surpreso” o nível que pode iniciar um estado de “luta ou fuga” e “pouco surpreso” o que ativa uma reação menos intensa do estímulo. Ela pode ser neutra ou moderada, prazerosa, desprazerosa, positiva ou negativa.


O nosso cérebro encara a surpresa de uma maneira engraçada, seja ela boa ou ruim. Existe uma parte nele que é ativada quando acontece algo inesperado. Essa é uma das regiões também responsável pela sensação de prazer.

O nome dessa região do cérebro é chamado de núcleo accumbens e fica localizado nos gânglios basais.


Quando nos surpreendemos, positivamente ou negativamente, essa parte é ativada e por isso temos essa sensação de prazer. Claro que após essa breve ativação do mecanismo de prazer, se a surpresa for boa a emoção resultante é prazerosa, o contrário acontece se ela for ruim, pois desencadeará emoções negativas como medo, raiva ou tristeza.


Concluímos que a quebra de rotina é benéfica para a produtividade, tanto quanto a própria rotina. Os dois fatores, hábitos e mudanças, são excelentes para a saúde do cérebro, quando aplicados sem exagero. 


Aquela famosa frase: “nada em exagero faz bem”


Ou seja, quebre paradigmas e tente equilibrar sua vida profissional e pessoal. Esse balanço entre a rotina e a mudança é positivo para evitar um acúmulo de estresse ou falta de disciplina. 


Não existe fórmula mágica, abrace novas possibilidades!